Na minha última newsletter, falei sobre a importância de se questionar, isso transformou minha vida e me ajudou a parar de me autosabotar. Hoje, vivemos cercados por conselhos e ideias externas.
Por mais que tentemos melhorar nossas vidas, a maioria das nossas "verdades" vem de algo que ouvimos de alguém. Por isso precisamos ser melhores que o Diabo se quisermos chegar em algum lugar.
Ser melhor que o Diabo é sobre ser mais esperto que as armadilhas que nos são impostas todos os dias — por meio de conselhos, padrões sociais e expectativas.
Por exemplo, você já deve ter ouvido que evitar o celular antes de dormir é importante ou que tomar 15 minutos de sol pela manhã, sem telas, é fundamental. Provavelmente, essa ideia não veio do nada. Talvez você tenha ouvido isso de um podcast com Eslen Delanogare ou com um outro neurocientista, psicólogo, ou médico.
Por mais que essas práticas sejam benéficas, elas não são frutos do nosso pensamento original. Alguém as propôs e, muitas vezes, aceitamos essas ideias como verdades absolutas sem sequer questioná-las.
“Pais, professores, instrutores religiosos e muitos outros adultos, sem terem consciência disso, servem à minha causa ajudando-me a destruir o hábito de fazer as crianças pensarem por si mesmas.” — Sua Majestade, pág. 43
Desde pequenos, somos treinados a adotar as ideias dos outros em vez de criar nossas próprias. Essa influência começa cedo, com frases como:
"Os mais velhos sempre sabem das coisas."
"Filho, eu já fui jovem, mas você nunca foi velho."
"Cachorro velho não late à toa."
Embora essas afirmações tenham um fundo de verdade, sejamos sinceros: quantas vezes você realmente questiona um conselho de alguém mais experiente? A resposta provavelmente é: quase nunca e Sua Majestade1 sabe disso.
Mas isso não acontece por acaso tomar controle da sua vida, ser mais esperto e perceber as formas sutis de manipulação que todos enfrentamos não é algo que todos estão dispostos a fazer e mudar.
Você ainda tem livre-arbítrio
Ouvir os outros é essencial, mas isso não significa abrir mão de pensar por conta própria. O problema é que, muitas vezes, pedir conselhos parece sinônimo de entregar seu livre-arbítrio, como se discordar fosse um desrespeito.
E, atualmente, isso vai além dos mais velhos. Vivemos em uma era onde influenciadores e mentores exercem um enorme poder sobre nossas decisões. Muitas pessoas adotam ideias sem refletir se elas realmente fazem sentido para suas próprias vidas, partindo do pressuposto de que essas figuras sabem mais sobre elas do que elas mesmas.
E, sim, muitas vezes esses mentores realmente têm mais conhecimento em determinados assuntos. Mas isso não significa — ou dificilmente significa — que você quer o mesmo resultado que eles oferecem ou que o caminho deles será o ideal para você.
Por exemplo: todo mundo quer ter dinheiro, mas isso não significa que todo mundo vá alcançá-lo através do marketing digital. Como assim?
Não é que você seja incapaz de aprender e aplicar o método, mas talvez esse caminho não valorize o melhor de você.
Se você já está em uma área específica, talvez faça mais sentido criar conteúdo ou desenvolver um produto que aproveite o conhecimento que você já possui, em vez de começar do zero a aprender uma nova profissão do momento.
Massa de manobra
Essa identificação com a "persona" de que os influencers e coachs nos encaixam gera um nível de identificação que cria um ciclo vicioso. Quando alguém diz que você pode mudar sua vida em três dias mudando sua mentalidade, parece possível — até você perceber que passa mais tempo reiniciando esse ciclo do que construindo constância no que realmente importa. Era exatamente isso que acontecia comigo.
"Cada dia é uma oportunidade para começar de novo."
Mentira. Recomeçar, por definição, significa: começar de novo, retomar algo após uma interrupção. Você não pode recomeçar algo que nem começou de verdade. Essa frase se assemelha a ideia de “aceite-se como você é”.
Embora pareça positiva à primeira vista, na maioria das vezes, as pessoas usam essa frase como uma forma de justificar que os outros devem aceitar seus defeitos e manias. Isso acaba gerando um comportamento de conformismo, afastando a reflexão sobre si mesmo e ignorando o que realmente precisa ser melhorado.
Ou seja, não adianta começar de novo todos os dias se você não tem um plano sustentável e uma rotina consistente. Se sua nova tarefa não é sustentável, porque não se encaixa na sua rotina ou não te entusiasma, mais cedo ou mais tarde você vai acabar abandonando. Isso acontece porque, no fim das contas, a motivação sempre vence a disciplina2.
Você não é o 1% você é esquisito
Estava lendo algumas newsletters essa semana e vi o seguinte paragráfo:
“Na infância, a criança que tanto falava e que buscava questionar o mundo, inquieta e curiosa, era advertida e isolada das demais, por não conseguir parar de falar, e que sempre buscava mais e mais de algo que não tinha fim, na verdade, tinha TDAH.”
E me perguntei: mas qual criança não é assim? O que diferencia uma criança comum de pessoas como eu? Será a insistência que vem com a impulsividade? Ou o fato de que, no fim, não conseguimos parar de questionar e perguntar, mesmo quando somos punidos por isso?
Será porque, mais cedo ou mais tarde, somos vencidos pela insatisfação e pela angústia que nos acompanham, apesar de viver rotinas que, para muitos, seriam "dos sonhos"? Rotinas que a maioria gostaria de ter, ainda que, lá no fundo, sentisse que falta algo?
Bem fique a vontade para me falar seu ponto de vista sobre esse assunto.
Mas a verdade é que cheguei a uma conclusão: para fazer a diferença na nossa vida e, consequentemente, na de outras pessoas, precisamos ser esquisitos. Seja do ponto de vista social ou, como no meu caso, do ponto de vista médico (kkk).
De qualquer forma, é preciso se acostumar com o desconforto de enxergar a vida, as pessoas e as relações com mais consciência se, de fato, quiser ter mais controle sobre sua própria vida.
Caso contrário, continuará sendo apenas massa de manobra, correndo atrás de uma dica, um método, um mentor — sempre buscando a próxima solução mágica para descobrir o que funciona para você. Mas a única forma real de fazer isso é olhando para si mesmo.
Por mais bem-intencionado que seja, você não conseguirá sair do lugar. Eu também não consegui por muito tempo — e ainda fico presa toda vez que caio nessa armadilha.

Não existe 80/20
A verdade é que os 20% dependem dos 80%. E não ao contrário. A oportunidade e a sorte (os 20%) só vão surgir quando você já estiver consistentemente agindo (os 80%). Não adianta esperar que algo aconteça enquanto você não está aplicando o esforço necessário para que isso aconteça.
E para conseguir fazer os 80% existem algumas verdades que você precisa entender e não poderá desver. Como:
Vícios não existem para te ajudar a escapar da realidade, mas para te enfraquecer e tornar mais fácil de ser controlado. Quanto mais dependente você é de algo, menos controle tem sobre si mesmo.
A ideia de "minha família e meus amigos estão aqui, não quero deixá-los para trás" pode parecer bonita, mas muitas vezes serve apenas para te manter limitado. Quem reforça esse pensamento raramente está preocupado com seu crescimento. Pelo contrário, essa crença impede que você amplie suas experiências e se torne alguém mais preparado para o mundo.
Os vídeos curtos que você consome sobre vida amorosa perfeita ou sobre listas de "o que um homem/mulher deve fazer" não estão ali para te ajudar. Eles apenas reforçam divisões, tornando relacionamentos cada vez mais frágeis e impedindo que casais construam algo juntos de verdade.
Se você está preso em um ciclo prejudicial, não é fácil sair. Mas, ao entender como as coisas realmente funcionam, você ganha força para resistir à tentação de voltar. Por exemplo, quando assumi o controle da minha rotina, finalmente comecei a avançar. Curiosamente, essa mudança me levou a seguir um caminho oposto ao da maioria. O resultado?
Sem planilha de organização, sem agenda bonitinha no Google Calendar, sem template infalível do Notion. Só eu e minha autocrítica excessiva, sendo usada toda semana para me adaptar e reajustar a rotina. No fim, cheguei a uma conclusão: decidi nunca mas me planejar3.
Essa foi a minha vivência. A sua, só você poderá descobrir.
Por isso, nunca deixe de questionar — nem o outro, nem a si mesmo. Assim, você será capaz de evoluir e se tornar mais esperto que o Diabo.
Se você está confuso sobre a quem me refiro recomendo a leitura do livro Mais esperto que o Diabo do Napolleon Hill. Disponível em livro físico e kindle.
A frase "a motivação sempre vence a disciplina" é explorada em mais detalhes em uma newsletter anterior, onde explico por que a motivação é mais importante que a disciplina, segundo a neurociência. Clique na frase.
Nesta newsletter, explico por que decidi nunca mais me planejar e como isso mudou minha produtividade. Clique na frase.
Belo texto, entrega de forma simples e bem exemplificada o conteúdo do livro e ainda compartilha sobre sua jornada.
Boassss!